sábado, 28 de maio de 2011

Mudanças estilísticas
O próprio latim da Era de Prata pode ser subdividido ainda mais em dois períodos diferentes: um período de experimentações radicais, ocorrido na segunda metade do século I d.C., e uma espécie de neoclassicismo renovado no século II.
Durante os reinados de Nero e Domiciano poetas como Sêneca, Lucano e Estácio foram pioneiros de um estilo único, que alternativamente deleitou, repugnou e desconcertou os críticos posteriores. Estilisticamente, a literatura neroniana e flaviana mostra a ascendência do treinamento retórico ocorrida na educação romana tardia; o estilo destes autores é infalivelmente declamatório - por vezes eloquente, noutras bombástico. Vocabulário exótico e aforismos afiados reluzem por toda a parte, ainda que, por vezes, às custas da coerência temática.
Tematicamente, a literatura do fim do século I é marcada por um interesse numa terrível violência, bruxaria e paixões extremas. Sob a influência do estoicismo, os deuses perdem sua importância, enquanto a fisiologia das emoções parece imensa. Paixões como a ira, o orgulho e a inveja são pintados em termos quase anatômicos, como inflamações, inchaços e refluxos de sangue ou bile. Para Estácio, até mesmo a inspiração das Musas é descrita como um calor ("febre").
Enquanto o exagero tanto nos temas quanto na dicção rendeu a estes poetas a desaprovação dos neoclássicos, tanto antigos quanto modernos, eles foram favoritas de muitos durante o Renascimento, e foram objeto de intenso interesse pelos poetas modernistas ingleses.
Ao fim do século I uma reação contra este tipo de poesia havia se instaurado; Tácito, Quintiliano e Juvenal foram todos exemplos do ressurgimento dum estilo mais contido e 'clássico', sob os reinados de Trajano e dos imperadores Antoninos.

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