quarta-feira, 25 de maio de 2011

Decadência do Latim


                                          O Latim:



O latim, língua de origem indo-européia do grupo itálico, também chamado pelos filólogos alemães de indo-germânica, era língua falada no Lácio, região central da Itália, onde na metade do sec. VIII foi fundada a cidade de Roma. Á medida que os romanos, habitantes da península itálica, livravam-se do poderio dos etruscos e dos gregos que habitavam dominando a região, foram conquistando territórios e se fortalecendo. Com eles se disseminou o idioma latino que viria a ser peça fundamental da cultura e identidade ocidental, o qual por muito tempo constituiu a única língua culta do continente europeu.



O apogeu e a decadência do latim assim se explicam: os latinos por habitarem a região da Itália, antigamente, chamada Lácio (em latim latium), onde fica a cidade de Roma, tinham como vizinhos territoriais os etruscos e os sabinos. Da união destes três povos (latinos, etruscos e sabinos) deu origem aos romanos, o povo que conquistou o mundo antigo pela arte da guerra.



Expansão romana e a disseminação do Latim

A relação entre língua e poder



A história do povo romano como outras, é marcada principalmente por conquistas, revoltas, lutas e guerras. No período de 503 a 27 a.C os romanos sentiam a necessidade de ampliar suas terras, de obter mais escravos e por tal empreenderam conquistas militares no que fez Roma a sede do maior império do mundo antigo.
Primeiramente os romanos dominaram a Itália, mais tarde guerrearam contra Catargo (os fenícios), situados no norte da áfrica. Estes confrontos chamados de guerras púnicas duraram de 264 a 146 a.C. Abriram-se caminho para a dominação de várias regiões do muno antigo.



Através da expansão político-militar, a pax romana, a qual impôs, além de outras coisas, a lógica de seu Direito, sobretudo os padrões da língua latina. Na verdade, a evolução, disseminação e extinção de uma língua se relacionam diretamente com o interesse do poder. A língua e a linguagem são, sobretudo, uma questão política. Como instrumentos de comunicação podem servir à imposição de um domínio político por meio da cultura, podendo isolar classes sociais, enfim perpetuar o poder. Uma língua desaparece quando é substituída por outra mais forte.



Os romanos sabiam dessa importância da lingua para dominação de outros povos, o que se pode comprovar na frase que diziam sempre: “Ubicumque língua romana, ibi Roma”, o que se traduz como: “onde quer que esteja à língua romana ali estará Roma. Por isso, após conquistarem todo o mundo antigo, os romanos submeteram a língua a todos os inimigos. O latim não era a única língua falada na península itálica, onde também se falava o osco, o umbro, o etrusco e também o grego. No entanto, o latim prevaleceu sobre as demais, ajudado pelas grandes conquistas militares dos romanos.



O latim falado em Roma durante o auge do império apresenta diferenças fonológicas e sintáticas dependendo da classe social que o utilizava. Essas diferenças e/ ou variedades refletem duas culturas que conviveram em Roma : De um lado, a de uma sociedade fechada, conservadora e aristocrática cujo primeiro núcleo seria constituído pelo patriciado; de outro, a de uma classe social aberta a todas as influências, sempre acrescida de elementos alienígenas a partir do primitivo núcleo da plebe.”



A queda do império romano



De 27 a.C a 476 d. C, após Roma atingir sua fase de glória, especializados na arte da guerra e não tendo mais contra quem guerrear, os romanos deixaram se trair pelas leviandades e pelos vícios que acompanhavam a opulência, Roma enfrentou inúmeros conflitos internos e externos, marcando assim o início de sua decadência, ou seja, o declínio do Império Romano. Aponta- se como causa dessa decadência a falta de escravos, o aumento de impostos, a revolta dos dominados, a invasão os povos bárbaros e as relações entre romanos e germanos que nunca foram pacíficas. Por fim, os romanos são derrotados pelos hunos pondo fim a uma etapa da história da humanidade.







Com a queda do império Romano (476 d. C) acaba a História Romana e um século depois, mais ou menos, termina também a História da Literatura Romana, mas o latim continua ainda, por quase mil anos, sendo em toda a Idade Média a língua da civilização Ocidental.


O processo de decadência do latim



O processo de fragmentação e decadência lingüística do latim responsável pela formação das diversas línguas românicas: Português, francês, espanhol, italiano, romeno etc... deve ser observado sob o ponto de vista lingüístico e político – social. O latim falado nas diferentes regiões do Império romano tinha uma realidade tão diversificada que, no século III d.c, a unidade lingüística de Roma não mais existia. Essa imensa diferenciação dialetal é uma das principais causas da transformação do latim nas línguas românicas.

               A respeito do processo de decadência, afirma-se “A diferenciação dialetal
explica– se, sempre, em parte, pela história cultural e política e pelos movimentos de população e, de outra parte, pelas próprias forças centrífugas da linguagem humana,
que tendem a cristalizar as variações e criar dialetação em qualquer território,
 relativamente amplo, e na medida direta do maior ou menor isolamento das áreas regionais em referencias ao centro lingüístico irradiador”Tal afirmação pode ser comprovada através da Queda do império Romano, esta mostra,que o império de Roma era muito vasto e formado por povos de diferenças culturas, dessa forma, seria muito difícil manter a unidade lingüística, o surgimento de dialetos que enfraquecera e provocara modificações no Latim foi inevitável.



Várias causas de caráter político – cultural são apontadas para a diversificação lingüística do latim:

· O fator cronológico – as regiões foram romanizadas em momentos diferentes, recebendo, portanto, o latim em diversos momentos de sua evolução;

· O contato entre a cultura romana e as diferentes culturas dos povos conquistados;



· A grande diversidade sócio – econômica das regiões conquistadas;

também alguns fatos históricos que contribuíram para acelerar o
processo de fragmentação lingüística do idioma:



· O Edito de Caracala – que estabeleceu o direito de cidadania aos indivíduos livres do Império romano, resultando perda de privilégios para Roma;



· A descentralização política e administrativa do império – com a criação de doze dioceses, Roma perde o poder de ditar a norma lingüística;



· A mudança da sede do império para Bizâncio (330 d.c)



· A divisão do Império romano, provocada pela morte do imperador Teodósio(395d.c), em Império romano do Ocidente e Império romano do oriente, esse fato fez com que o mesmo não resistisse às invasões bárbaras e se desintegrasse politicamente.



A questão política em Roma foi decisiva para a decadência da língua latina. Vê –se claramente que imperadores como Nero, realizaram administrações desastrosas, só se preocupavam com guerras e em manter o luxo da corte, havia muitas perseguições e os inimigos eram tratados com crueldade, o César incendiou Roma e para satisfazer desejos pessoais pôs a culpa nos cristãos. As disputas internas que havia entre os sucessores do imperador no momento que este falecia. Todos esses acontecimentos facilitaram a rebelião de diversas regiões e Roma já enfraquecida não teve outra solução política a não ser permitir a autonomia das províncias , para a língua latina foi um golpe, nas inúmeras regiões do império o idioma deixou ser obrigatório e aos poucos foi perdendo importância.Assim, conclui –se que o latim viveu seu auge no momento do apogeu político de Roma e sua decadência iniciou-e conjuntamente com a queda do império.



A queda do Império romano” nos mostra detalhes importantes a
respeito da decadência do idioma latino e de seu processo de dialetação, pois
pode se perceber a descentralização política e administrativa de Roma. As províncias ao adquirirem autonomia deixaram de seguir a norma lingüística estabelecida pelo imperador . Assim, foi inevitável a formação de vários dialetos em muitas regiões, e como as disputas internas pelo poder favoreceram as invasões bárbaras que provocaram a queda de Roma e conseqüentemente também a do seu idioma oficial.



A importante herança deixada pelo idioma latino



Enquanto o latim clássico, como língua falada, se extinguiu, o latim escrito continuou a existir por mais de mil anos e é preservado até hoje em obras clássicas. A partir da Idade Média o mesmo tornou – se fundamental para a comunicação de toda a Europa culta. Outra questão importante foi que a igreja o adotou como língua oficial, e este passou a ser utilizado nas cerimônias religiosas e na redação de documentos eclesiásticos. Além disso, foi durante muito tempo a língua da Filosofia e da Ciência. Todas as obras de pensadores como Galileu, Kepler, Isaac Newton e muitos outros foram escritos no idioma.



Em muitas outras áreas, o latim também se perpetuou. Toda a linguagem da medicina é em latim e a anatomia tem nomes latinos para todas as partes do corpo humano. A nomenclatura da Botânica , da Zoologia e da Astronomia também faz uso de termos latinos. Mas a herança mais rica que o latim deixou foi certamente o grande número de línguas neolatinas; de todas elas, o Francês vem citado em primeiro lugar por ter sido, durante muitos séculos, a língua das cortes e da diplomacia. Com relação ao número de falantes, a posição de destaque cabe ao espanhol, além da Espanha o mesmo é falado em quase toda a América latina, nas Filipinas, e até mesmo no sul dos Estados unidos.



A língua oficial da Itália poderia ser qualquer um dos muitos dialetos falados na península, mas depois que o poeta Dante Alighieri escreveu a “Divina comedia”,a língua dos italianos não poderia ser outra senão o toscano (atual italiano), que é a que mais sonoramente se aproxima do tronco latino. A língua romena, é atualmente a que mais se aproxima da gramática latina tradicional.Importa- nos mencionar a língua portuguesa que, segundo o poeta Olavo Bilac, foi a última filha do latim. Atualmente tem cerca de 190 milhões de falantes e é a língua oficial de dez países: Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo verde, Guiné– Bissau, São Tomé e príncipe, Damão e Diu, Macau e Timor Leste.



A importância das línguas neolatinas vem sendo bastante discutidas nas
 últimas décadas.


No segundo semestre de 1999, os representantes dos diversos países de expressão latina reuniram– se, inicialmente na Itália e em seguida em Paris, para fundar uma nova entidade internacional – A academia de latinidade –cuja sede será em Bolonha. Esta instituição, criada a partir das iniciativas de dois países, Brasil e França, tem por objetivo lutar por um espaço mais amplo e permanente para as expressões latinas neste século, frente à hegemonia da língua inglesa.Atualmente, o inglês é certamente uma das manifestações mais importantes da comunicação internacional. Mas seu valor se limita ao mundo dos negócios. O controle do dinheiro no mundo é expresso em inglês. Mas o que superiormente exprime nossa cultura é de natureza latina. Foi graças aos padrões latinos firmados em todos os ramos do conhecimento humano que o mundo inteiro se ocidentalizou.



A partir de todo estudo feito do idioma latino, sabemos que ele teve uma grande importância na antiguidade e continua tendo até os nossos dias, apesar de o mesmo não mais existir no mundo como língua de um determinado povo, porém, a sua escrita permanece. Mantendo-o numa posição de destaque até os nossos dias no que refere a língua escrita, graças a grande importância que o mesmo ganhou na nossa cultura devido a enorme influência da Igreja Católica que desde o seu surgimento o adotou como idioma oficial e passou a utiliza – lo nas cerimônias e em seus documentos. Deve – se destacar, que as ciências também contribuíram para este propósito.



Diante de tudo isso,é preciso salientar que o estudo do idioma latino é importantíssimo, não pelo fato de se estudar uma “língua morta”, mas para conhecer um idioma que permanece vivo até hoje e nos auxilia a compreender outras idiomas que dele derivaram – se, como é o caso do idioma Português que se originou do latim e temVestígios e características marcantes do latim na composição das palavras. Juntam-se dois radicais para formar uma palavra nova. Esses radicais provêm em sua maioria absoluta do grego e do latim. Por exemplo:
• AGRI: CAMPO - AGRÍCOLA;
• ANGO: APERTAR - ANGÚSTIA;
• CALORI: CALOR - CALORÍMETRO;
• CIDA: QUE MATA - GERMICIDA;
• COLO: CULTIVAR - AGRÍCOLA;
• DUCO: DIRIGIR - EDUCAR;
• EQUI: IGUAL - EQUIVALENTE;
• IGNI: FOGO - ÍGNEAS;
• LAC: LEITE - LACTENTE;
• PATI: SOFRER - PAIXÃO;
• PEDE: PÉ - BÍPEDE
• PISCI: PEIXE - PSICULTURA;
• VIDI: VER - EVIDENTE;
• VORO: QUE COME - CARNÍVORO.


Sufixos latinos mais comuns: ADA - PEDRADA; AL - PRINCIPAL; ERIA - DOCERIA; EAR- CABECEAR; ÁVEL - LAVÁVEL.
No hibridismo (reunião de palavras de idiomas diferentes) encontra-se, por exemplo: Auto (grego) + móvel (latim): automóvel.
Na derivação prefixal, o latim também se mostra muito presente nos prefixos que se juntam aos radicais. Algumas mais usuais:

• AB-, ABS: AFASTAMENTO - ABSTER;
• AMBI- DUPLICIDADE - AMBÍGUO;
• ANTI- CONTRA - CONTRAPOR;
• BI - DOIS - BÍPEDE;
• EX - PARA FORA - EXTERNAR;
• I- IN- NEGAÇÃO - INÚTIL;
• IN - DENTRO DE - INGERIR;
• PRÉ- ANTES - PREVER;
• SUPRA - ACIMA DE - SUPRACITAR.





Outros vestígios do latim sobre nossa língua são encontrados emabonações extraídas de escritores mostrando citações se inserem no contexto brasileiro com grandes espíritos como Rui Barbosa, Machado de Assis, Carlos Drumond de Andrade e outros que mergulharam suas raízes na cultura latina.A última geração de alunos de ginásio que aprendeu Latim no Brasil foi a da reforma de Capanema, quando pessoas contrárias ao ensino da língua, acusaram-na de sobrecarregar excessivamente as jovens inteligências e não descansaram enquanto não livraram o ensino moderno da poeira sufocante da antiguidade. Porém, na atualidade políticos, jornalistas, advogados, filósofos e escritores daqui e de outros países usam expressões latinas, bem com um repertório de palavras, frases, provérbios, máximas, lemas, inscrições, epitáfios, locuções e ditos latinos daquela que já foi à língua mais poderosa do mundo antigo, o latim.



Acadêmico(a)s de Letras da UEG de Porangatu do 2º Ano:

Fernanda, Gilvan, Kamilla, Thaís.

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